Apresentações artísticas, culturais, além de importantes debates
sobre literatura e o movimento da Luta Antimanicomial deram o tom da abertura do
I Fórum de Saúde Mental na Faculdade Guairacá na noite dessa quinta-feira, 18.
O evento foi
proposto pelos Colegiados de Psicologia e Enfermagem da instituição com o
intuito de possibilitar uma visão ampliada do campo de atuação profissional.
Além disso, também propõe sensibilizar os acadêmicos para a importância do
posicionamento ético na luta por acompanhamento humanizado na atenção à pessoa
em sofrimento mental, instrumentalizar discussões mais aprofundadas sobre a
temática e estabelecer a interface entre os estudos sobre saúde mental nas áreas
de Enfermagem e Psicologia.
O Fórum de
Saúde Mental é alusivo ao Dia da Luta Antimanicomial. A data foi criada no
Encontro dos Trabalhadores da Saúde Mental em 1987. O movimento teve por
objetivo principal o fechamento dos manicômios para humanizar o tratamento aos
doentes mentais. Para o professor Antonio Alexandre Pereira Junior, essa data é
importante de ser lembrada, sobretudo para conscientizar sobre o lugar que o
sofrimento psíquico ocupa na nossa sociedade. “Queremos realizar o fórum
anualmente e trazer estudantes de outras áreas também, no sentido de pensar e
refletir sobre essas questões de saúde mental tão importantes, necessárias e
urgentes na sociedade”.
A abertura
do evento na Guairacá contou com a ilustre presença da professora Pós-Doutora
Níncia Cecília Ribas Borges Teixeira, que discorreu sobre a obra O Alienista de
Machado de Assis, que traz uma reflexão dos limites entre razão e loucura.
“Nesse conto, com seu sarcasmo e sua ironia, Machado de Assis faz uma crítica ao
cientificismo e ao positivismo do século XIX. Ele mostra como o poder e a
ciência dominavam o pensamento de uma sociedade que se deixava manipular por
ideias consideradas verdadeiras, porque eram ideias científicas e vindas de
pessoas que, de certa forma, mantinham o poder”. Dessa forma, segundo Níncia, a
obra do autor consegue ultrapassar o seu tempo e está bem presente na
atualidade, uma vez que permite a reflexão, mostra a literatura como uma fonte
de consciência e que leva ao questionamento dos desmandos cometidos por quem
detém o poder.
Também
esteve presente na Guairacá a Profª Ms. Katiuscia de Oliveira Francisco Gabriel.
Katiuscia é graduada em Enfermagem, Especialista em Gerontologia e Inclusão
Social, Mestre em Desenvolvimento Comunitário e possui amplo conhecimento sobre
saúde mental. Na ocasião, ela falou sobre suas experiências na área.
Nessa
sexta-feira, 19, o evento tem continuidade na Guairacá com a apresentação do
livro ‘O Capa-Branca’. A obra relata as experiências de vida de Walter Farias,
ex-funcionário que se transformou em paciente do Complexo Psiquiátrico do
Juquery, na década de 1970.
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