A obra ‘O
Capa-Branca: de funcionário a paciente de um dos maiores hospitais psiquiátricos
do Brasil’, de Walter Farias e Daniel Navarro Sonim, foi tema da segunda noite
de debates do I Fórum de Saúde Mental da Faculdade Guairacá.
O livro de
reconhecimento internacional narra a trajetória de Walter Farias, ex-atendente
de enfermagem que se tornou paciente do Juquery, em Franco da Rocha (SP). Ao ser
transferido do Hospital Psiquiátrico para o Manicômio Judiciário, ele se depara
com outra realidade: pacientes inofensivos dão lugar a indivíduos que cometeram
crimes, alguns deles com requintes de crueldade. Com a sanidade abalada, Walter
é obrigado a se internar e passa a sentir na pele os horrores daquele lugar, que
inclusive podia ser comparado a um campo de concentração, conforme relatou
Daniel durante a palestra na Guairacá. “O Manicômio Judiciário apresentava uma
realidade completamente diferente. O tipo de paciente que Walter estava
acostumado a lidar não tinha quase nada a ver com o tipo de interno desse novo
ambiente”, referindo-se à pessoas que cometeram crimes, mas que não podiam
responder perante a justiça comum, à exemplo do caso de uma pessoa que escutou
uma voz que a mandava afogar outra no rio.
O autor do
livro afirmou que o Manicômio Judiciário trouxe grande contribuição ao movimento
antimanicomial. “O Juquery foi sinônimo de evolução da psiquiatria, da saúde
mental, mas infelizmente também pode ser considerado um depósito de loucos, um
lugar que produziu loucura e sofrimento. O que acontecia lá dentro era muito
pior do que podia se imaginar”.
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